Portugal na rota das aves migratórias da Rússia

De acordo com Domingos Leitão, da SPEA, "Portugal faz parte de uma das quatro grandes rotas da Rússia", onde o Laboratório de Gripe das Aves de Moscovo encontrou vestígios de H5N1 em amostras provenientes de Tula, a 300 quilómetros da capital russa. Segundo o biólogo, esta zona encontra-se pouco abaixo da península de Tayman, na Sibéria, donde parte a rota migratória do Atlântico Leste, que passa por cá a caminho de África, devendo as autoridades portuguesas estar mais atentas a este facto.

A rota que representa perigo para Portugal é uma de aves nortenhas que percorre a zona costeira. De acordo com o especialista, "a maior parte das que fazem esse percurso são aves marinhas e já passaram pelo País - porque vão passar o Inverno à Guiné-Bissau -, mas as mais perigosas estão a chegar", dentro de duas semanas. Entre estas contam-se patos e gansos, "possíveis portadores e transmissores do vírus H5N1".

Entretanto, os ministros da Saúde da União Europeia decidiram ontem reunir esforços para avançar com a produção de uma vacina. Portugal vai colaborar no projecto, explicou à Lusa o ministro da Saúde, Correia de Campos. Em Lisboa, o ministro da Agricultura, Jaime Silva, disse ontem que foram já realizadas três mil análises em zonas de risco - áreas de passagem de aves migratórias e localização de grandes aviários -, "não se tendo verificado um único resultado positivo".

Para o ministro da Saúde português, o País "tem capacidade excedentária de bons técnicos e condições para colaborar no de-senvolvimento de uma vacina contra a gripe das aves". Após uma reunião informal de ministros da Saúde da UE para debater o estado de preparação dos 25 face à gripe das aves, Correia de Campos explicou que a participação portuguesa pode envolver os departamentos de biologia molecular e virologia de várias instituições nacionais.

O ministro disse que Portugal "tem muitas fábricas novas, que podem responder perfeitamente" à produção de uma vacina. Questionado pela Lusa sobre se haveria já acordos nesse sentido com as empresas farmacêuticas localizadas em Portugal, Correia de Campos afirmou não poder ainda fornecer essa informação, mas que tem "bons sinais nesse sentido".

Entre o momento de identificação de uma estirpe do vírus da gripe avícola que seja transmissível entre humanos - o que ainda não foi detectado - e o fabrico de uma vacina decorrem, em média, seis meses. No entanto, na opinião de Correia de Campos, "pode começar-se a aquecer os motores ao nível da investigação com o actual vírus". Segundo o ministro, o plano de contingência português está a ser "regularmente adaptado" face à eventualidade de a infecção se tornar transmissível a humanos e atingir o País. A sua revisão deve ficar concluída pela Direcção- -Geral da Saúde "em breve".

Em conferência de imprensa, o ministro da Agricultura sublinhou que Portugal já realizou um exercício de simulação nas zonas húmidas - como barragens e albufeiras -, prevendo o abate de todas as aves num raio de três quilómetros e o isolamento da área em que se localizou o surto num raio de dez quilómetros. Como porta-voz do Governo, disse "Estamos preocupados mas tranquilos, porque não há sinais de alarme." E insistiu: "Portugal ainda não tem um problema sanitário" e, face à sua localização geográfica, "apresenta uma probabilidade mais baixa" de contágio do que muitos dos outros.


Fonte: DN
Data: 2005-10-21 11:24

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