CesarCesar situa-se no extremo norte do Município e é uma povoação muito antiga. Assim o atestam documentos anteriores à Nacionalidade, mais concretamente de 1035, nos quais era designada por "Villa Cesari". Nesta data, terá acontecido aqui uma sangrenta batalha, opondo as hostes cristãs do rei de Leão e os mouros. Nesta região viveu o homem em épocas muito remotas. Do período eneolítico, o homem deixou aqui pelo menos três dolmenes e, no período da cultura castreja, provavelmente povos pré-celtas ou celtas, construíram aqui muralhas, de que é testemunho o Castro Calbo, cuja existência é referida em documentos desde o século XI. As Inquirições de D. Afonso III falam-nos também da freguesia de Cesar. Desses tempos medievais é a “honra de Cesar e Gaiate”, a qual continuou nos seus sucessores até Sebastião Lopes Godinho, que se intitulava, em documentos públicos “Senhor da honra de Cesar e Gaiate”. Mais tarde, já no tempo de Sebastião de Carvalho e Melo, avô do Marquês de Pombal, a Quinta de Cesar e todos os vínculos foram vendidos aos senhores do Côvo. Cesar pertenceu à comarca de Esgueira e da Vila da Feira, passando mais tarde para Oliveira de Azeméis, tendo sido elevada a vila em 13 de Julho de 1990. Foi aqui, mais propriamente na Quinta do Outeiro, que nasceu, em 1788, o combatente liberal frei Simão de Vasconcelos, frade monástico do Mosteiro de Alcobaça, que participou activamente nas lutas contra os absolutistas, acabando por ser capturado e fuzilado em Viseu, em 1832. No lugar de Vilarinho nasceu o Dr. José Francisco da Silva Lima, um vulto importante da Medicina, na última metade do século XIX. O seu nome é conhecido em todas as associações científicas do mundo e a sua memória venerada como a de um santo na cidade brasileira da Baía, onde teve uma carreira notável. Esta é também a terra-natal de Pero Lopes, herói e companheiro do rei D. Sebastião na Batalha de Alcácer Quibir, pois aqui viveu e morreu seu pai Sebastião Lopes Godinho, no século XVI, senhor da honra de Cesar e da torre senhorial, então aqui existente. No século XIX, foram muitos os homens de Cesar que emigraram para o Brasil. Já em 1851, um cesarense enviou do Pará uma oferta para a igreja e, em 1898, eram mais de cinquenta os cesarenses radicados no Brasil, sobretudo no Pará, onde até tinham fábricas. Os frutos dessa emigração são ainda hoje visíveis nos casarões com as suas quintas e jardins que se podem ver espalhados pela freguesia: são as chamadas "Casas de Brasileiro". Actualmente, Cesar é um centro industrial por excelência, predominando a indústria do alumínio, moldes e calçado. Merecem uma visita atenta os três dolmenes e os restos de cerâmicas com características neolíticas; o núcleo urbano do Largo da Igreja; as Quintas do Outeiro, da Herdade e do Sr. Amorim; os núcleos rurais de Vilarinho e dos Arcos. A actual igreja de Cesar, com duas torres e uma nave, foi construída no início do século XIX, à custa de um subsídio retirado do imposto do “real da água” da comarca da Feira, havendo inclusive um alvará régio concedido para esse efeito. Quando este templo foi construído, a antiga igreja que se encontrava aproximadamente em frente à porta principal da actual, foi demolida. Este era um templo de pequenas dimensões, construído no século XVII. A primitiva igreja deveria ser das mais antigas da região e situava-se num lugar conhecido por “Lavouras de Baixo”. A freguesia de Cesar é muito visitada nas suas Festas Grandes em honra de S. Pedro, do Mártir S. Sebastião e de Nossa Senhora da Graça, que se realizam no primeiro Domingo de Julho. Estas festas, desde há muitos anos, atraem milhares de forasteiros a Cesar, devido ao prestígio alcançado pela vistosa procissão religiosa, pelos despiques entre bandas de música e, mais recentemente, pela presença de conhecidos artistas populares. Mapa da Freguesia de Cesar in Monografia de Oliveira de Azeméis
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